sexta-feira, 18 de março de 2011

PARALELO GALLERY apresenta a mostra "Existir é Resistir", de Maribel Domènech



PARALELO GALLERY apresenta a mostra Existir é Resistir da artista plástica espanhola, Maribel Domènech. São em oito o número de obras que preenchem os espaços da galeria e, a partir de um auto-retrato de titulo homônimo, a exposição em que ela se posiciona entre os acontecimentos passados e as expectativas futuras de sua vida, faz uma narrativa com suas instalações, fotografias e esculturas, dos temas que a apaixonam e motivam sua criação. Os trabalhos em exibição destacam o 'tricô' dos fios condutores de energia e som, que são a base expressiva de caligrafias de gênero. Com curadoria de Amador Griñó, a artista ilustra seu compromisso com a vida e como mulher. Abertura 24 de março.

  

Exposição                 Maribel Domènech – "Existir é Resistir"

Curador/texto             Amador Griñó

Coordenação             Andrea Rehder e Flavia Marujo

Abertura                    24 de março – quinta-feira - às 19h.

Período                       de 25 de março até 30 de abril de 2011.

Local                          Paralelo Gallery www.paralelogallery.com

                                   Rua Arthur de Azevedo, 986 – Pinheiros - Tel.: (11)2495-6876

Horário                       2a a 6ª feira, das 11 às 19h.

                                   Sábado, das 11 às 15h.

Nº de obras                8

Técnica                      tramas de tricô com fios condutores de energia/ som e fotografia.

Dimensão                   de 50 x 50 cm. a 12m²

Preço                          a partir de R$ 12.000,00

   

Ass. Imprensa                       Balady Comunicação - Silvia Balady / Glauber Canovas

                                   Tel.: (11)3814.3382 – contato@balady.com.br       

 

 

Como quem questiona o real sentido da vida, a artista plástica espanhola Maribel Domènech vem a PARALELO GALLERY exibir seus trabalhos em Existir é Resistir. Uma reflexão pessoal e contínua, que passa por diversas fases até chegar aos dias de hoje; uma mulher comprometida com o próprio fato de ser mulher, um posicionamento sólido. Com curadoria de Amador Griñó, a artista utiliza técnicas em tricô com fios elétricos de energia e som para construir suas esculturas e instalações.

Nas mãos de Maribel Domènech as agulhas de tricotar transformam o tecido em uma narrativa onde os pontos, tramas, nós, fios elétricos e luzes negras, são a caligrafia com a qual se vão construindo as histórias. Escultora e tecelã em busca da expressão perfeita, converte-se em construtora de simbolismos do genero.

A exposição tem como ponto de partida uma fotografia com mesmo título; Existir é Resistir. Ela mesma nos explica que é um auto-retrato que realizou num momento de fazer um balanço vital, "Eu estou no meio, entre o meu passado e meu futuro", define.

Para a artista, o simples fato de existir é um compromisso de viver entregando-se ao risco. Maribel é consciente de que "desde nosso nascimento até a morte devemos sempre resistir, colocar resistência: a doença, a dor, a desilusão, a injustiça, ao trauma, ao fracasso, a beleza, a angústia, ao choro, ao espolio, ao envelhecimento, etc."

As obras de Maribel Domènech induzem a reflexão, ao pensamento. Seus trabalhos pretendem alterar emoções, influenciar sentimentos. As alterações pretendidas, não são necessariamente maléficas. Elas se dirigem ao nosso centro de emoções.

 

"Existir é Resistir tem uma óptica diretamente feminina, mas as questões que se abordam interessam a todos"

Maribel Domènech

A Artista:

Nascida em 1951 – Valencia (Espanha) – Domènech constrói uma trajetória que vem desde 1975, pós-morte de seu pai, que também foi escultor. Em 1984 licencia-se em Belas Artes e quatro anos depois conquista o título de Doutora em Belas Artes pelo Departamento de Escultura da Universidade Politécnica de Valência, onde também atua como diretora até o ano de 1994. A partir de 2004 é nomeada Co-Diretora do Programa Interdepartamental de Doutorado Arte Público (Pintura e escultura) da Universidade Politécnica de Valencia.

Esta é a quarta vez que seu trabalho é exibido no Brasil, a primeira em uma exposição individual no circuito de galerias. Já estiveram expostas em instituições nos anos de 2004, 2006 e 2007.

 

Principais exposições individuais

2011 "Existir é Resistir" – PARALELO Gallery – São Paulo, SP

2009 "Tejer Historias. Vestirse de Palabras" - Galería Octubre. Universitat Jaume I de Castelló - Espanha

2008 "Vidas Interrumpidas" - Peregrinatio08. Tierra Madre. Intervenciones en las Ermitas de Sagunto.  Intervención en "El Calvario" – Sagunto – Valencia- Espanha

2006 "Presencias imperceptibles". Intervención permanente en el Campus en Tres Dimensiones de la Universidad Politécnica de Valencia, Valencia - Espanha

2003 "Andar por las ramas". Temps-Memoria I. Intervenció al Castell. Ajuntament de Denia, Valencia, Espanha

2001 "Tejer el Tiempo". Doze estúdios em três dias – Valência, Espanha

2000 "Maribel Domènech" - Pavillion Du Parc, Paris, França.

"Maribel Domènech" - Porte de Versalles, Paris, França.

"Maribel Domènech" - Galeria Pontos, Valencia – Espanha.

1998 "Tejiendo Islas". - Fernando Sillió Galeria de Arte, Santander – Espanha.

1997 "House Word" - Fassebender Gallery, Chicago – EUA.

1994 "Como Luz Escura". - Galeria Punto, Valencia – Espanha

1993 "Passeig a la nit". - Universidade de Valencia, Valencia – Espanha.

 

Principais exposições coletivas

2010 "Entre Chien et Loup"  Centre Culturel DeMarkten – Bruxelas - Bélgica.

"Cosmética dogmatica" Col.lecció d'Art Contemporani Fundació "la Caixa" – Barcelona - Espanha

"Coser y Callar" Sala Bancaja. Castellón - Espanha

"La Piel de los Hijos de Gea" (Isabel Muñoz – Maribel Domènech) Museo Wifredo Lam. La Habana. Centro de Arte de Holguín, Museo Emilio Bacardí, Santiago de Cuba - Cuba

"Nostalgia de Futur. Homenatge a Renau" IVAM Centre del Carme. Valencia - Espanha

"Banquete_nodos y redes" Laboratorio de Luz. ZKM. Zentrum für Kunst und Medientechnologie Karlsruhe - Alemanha

"ARTifariti-09, III Encuentros Internacionales de Arte en Territorios Liberados del 'Sahara Occidental'" Tifariti, Sahara

"Generación Barbie" Pabellón Italiano. Montjuïc. Barcelona - Espanha

"Observatori" Laboratorio de Luz. Espacio de Arte Atarazanas, Valencia - Espanha

"Les Cases del Cabanyal. Maneres de Viure. Cabanyal de Portes Obertes" Antiga Fábrica de Gel. Cabanyal. Valencia - Espanha

2008 "La Piel de los Hijos de Gea" (Isabel Muñoz – Maribel Doménech) National  Gallery Kingston. (Jamaica) Museo de Arte Contemporáneo, Santo Domingo (Rep. Dominicana). Museo del Barro, Asunción. (Paraguay). Museo Nacional de Bellas Artes. Neuquén. Centro Cultural Recoleta. Buenos Aires (Argentina). *

"Bipolares" Galería  Bernardo Marques. Lisboa - Portugal

"Interfaces Digitais POA_VAL Laboratorio_2" Sala Josep Renau. Facultad de Bellas Artes, Valencia - Espanha

"Toque de amor" Museu Bispo do Rosário Arte Contemporanea, Rio de Janeiro - Brasil

2007 "Containers 080307". - Universidade Politecnica, Valencia – Espanha.

"A Pele dos Filhos de Gea" – Maribel Domènech e Isabel Muñóz – Museu Oscar Niemeyer – Curitiba - Paraná

2006 "Instalaciones y Nuevos Medios em la conlección Del IVAM" - Museu Afro-Brasil, São Paulo.

2005 "12 Dimensiones. Escultura Contemporanea". - Galeria Aural, Alicante – Espanha.

2005 "Bolsos para la Leucemia". - Sala dos Bambús, Valencia – Espanha.

2005 "Afetos Roubados no Tempo". - Salvador, BA – Recife, PE.

2004 "Tecido do corpo Social". - Fundação Instituto Feminina da Bahia, Salvador – Bahia.

2002 "Desesculturas". - Circulo de Bellas Artes, - Madri - Espanha.

2002 "Loca Loca". - Galeria de Arte Pecado Mirante, Valencia – Espanha.

2002 "Entre muebles y esculturas". - Feira Internacional de Urbanismo, Valencia – Espanha.

1993 "Laboratorio de Luz". - Universidade Politécnica de Valencia, Valencia – Espanha.

1990 "ARCO'90". - Galeria Punto, Madri – Espanha.

 

 

Glauber Canovas

Balady Comunicação

3814-3382 - 6515-8424

glauber@balady.com.br

 

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 TECER E CONTAR/ EXISTIR É RESISTIR/ VESTIR-SE DE PALAVRAS.

 

Nas mãos de Maribel Domènech, as agulhas de tricô transformam o tecido em uma narrativa onde os pontos, tramas, nós, fios elétricos e luzes negras, são a caligrafia com a qual vão se construindo histórias. Escultora e tecelã em busca de uma expressão perfeita, transforma-se em uma construtora de símbolos.

Os símbolos e os mitos não existem de forma universal e não podem ser considerados individualmente; estão relacionados com outros ícones da nossa cultura, uma vez que este jogo envolve não só o corpo social ou pessoal, como também se constitui além da origem do pensamento, das estruturas e das imagens dos processos mentais de cada sociedade em específico. Consciente ou inconscientemente a artista, em seu uso do tecido tramado, faz-nos relembrar as lendas das antigas tecelãs como Filomela ou Aracne.

Violentada, sequestrada e com a língua cortada por seu cunhado, Filomela falará através de suas mãos com as quais irá tecer as imagens do que aconteceu; a tapeçaria contará sua desgraça para fazer-lhe justiça.

Existir é resistir e resistindo se enfrenta o destino, a injustiça, a violência. Existência e resistência, incômodas presenças femininas nestas elegias sobre o trabalho, o sofrimento e a criatividade em seu sentido mais amplo. Paradoxos da existência.

Tecido em fio vivo em que circulam luz e som. Fio da existência nas mãos das Parcas. Fios destas esculturas tecidas que, como no mito, irão se transformar em "luz negra" —oximoro da luminosidade— ou em sons tal e qual Filomela foi transformada em rouxinol.

O vestido/pele ou a pele/vestido tem um significado social que vai além da rigorosa proteção que este nos oferece frente ao clima e aos elementos adversos. Impregnado de significados, ele é um compêndio de informação sobre quem o leva, a cultura de onde foi produzido e, claro, sobre sua criadora.

A própria artista  explica-nos porque Existir é Resistir: "Foi o nome que escolhi para um auto-retrato que realizei na hora de fazer um balanço vital. Estou localizada no meio, entre o meu passado e o meu futuro. É a imagem de uma mulher sentada em uma cadeira, decidida, paciente, mas não submissa, nem assustada. Parece disposta a realizar um ato de resistência, a fim de permanecer na vida, apesar de todas as mudanças que nela ocorrem. Diante da pergunta diária: como eu me sinto?, vemos como as emoções podem alterar nossa resposta dia a dia".

Existir é, para Heidegger, comprometer-se continuamente, viver entregue ao risco. Para ele, o homem é o ser que consiste em projetar possibilidades, e entre todas elas, o futuro está determinado pela projeção da possibilidade mais segura: a morte. Viver lhe proporciona experiência e esta o torna consciente do que foi vivido. É sabido que desde o nosso nascimento até a morte devemos sempre resistir e impor resistência à doença, à dor, à desilusão, à injustiça, ao trauma, ao fracasso, à beleza, à angústia, ao choro, ao espólio, ao envelhecimento.

A realidade da artista novamente nos remete ao mito e como a atrevida Aracne, Maribel Domènech enfrenta o poder, resiste e existe. Não é possível separar a historia pessoal da própria criação, Aracne desafiou o poder estabelecido e foi punida por isso.  Não venceu— porque o poder não quis— mas convenceu.

Existir é resistir ou resistir é existir?

 

Amador Griñó

2011

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