quarta-feira, 28 de setembro de 2011

Pinturas de Adams Carvalho na Galeria Murilo Castro



 

www.murilocastro.com.br

 

Adams Carvalho - Pinturas

 

Duas séries de pinturas compõem esta proposta de exposição de 10 pinturas. Duas séries distintas, porém interligadas. 'Faceless' e 'Pisos' tratam da ausência, distanciamento e desequilíbrio.

 

A série "Faceless" é composta de pequenos retratos, ou melhor, quase-retratos. Cenas onde aparecem 'close-ups' de preguiçosos corpos femininos repousando em espaços domésticos.

Corpos coadjuvantes que discretamente disputam lugar com estampas, cores e texturas.

Os enquadramentos - que excluem rostos, mãos e pés – focalizam um ponto central de equilíbrio instável entre a figura e os elementos que a envolvem.

 

A desinteressada atitude e psicologia das eventuais personagens pouco importam na composição, se comparadas ao papel exercido pelos componentes cênicos, como os figurinos e cenários.

As cenas são tratadas de maneira fluida e fortuita, com pinceladas rápidas e sobreposições de finas e semi-transparentes camadas de tinta.

É como se ali não houvesse corpo ou matéria, só houvesse superfície - uma fina película oscilante num enfrentamento direto com a superfície da tela.

Nesse sentido, o tratamento pictórico dessas imagens diz menos sobre os motivos pintados do que sobre a presença deles, restando apenas um conhecimento ligeiro e imperfeito das coisas.

 

Na série "Pisos", duas grandes imagens de pisos domésticos compõem as pinturas; o foco se fecha em apenas um elemento – a perspectiva visual de tacos de madeira.

 

Aqui há a disputa entre a padronagem gráfica que a compõe e a perspectiva que ela sugere. Um desequilíbrio entre a bidimensionalidade da tela e a virtualização do espaço ali sugerido.

Uma instabilidade entre matéria física e ilusão.

A imagem do que seria um chão se torna parede por abranger toda a área da tela e o que é tela se torna buraco induzido pela 'trompe-l'oeil' dos pequenos retângulos que constituem

a padronagem dos tacos de madeira representados.

 

Esvaziados da presença humana, esses ambientes se vêem atravessados por uma luminosidade estranha e fantasmática.

 

Nesses quase-abismos, o tempo – suspenso – dá lugar às sutilezas e nuances daquilo que normalmente escapa à percepção fugidia da rotina cotidiana.

 

Nas duas séries, o foco se fecha quase demasiadamente no espaço e/ou pessoas - fazendo com que estes pareçam deixar de ser eles mesmos, como uma 'não-busca' pela sua

essência e materialidade. Os enquadramentos, quase como num zoom fotográfico, parecem mais distanciar os elementos visuais do que aproximá-los.

 

As pinturas repousam num fino vácuo instável entre aparência e representação; elas rondam a incomunicabilidade e o que se pode pensar por uma confortável solidão.

Num desvelado clima de intimismo, essas imagens parecem indicar que, frente ao rasteiro e rotineiro desenrolar cotidiano, os elementos que nos rodeiam estão sempre prestes

a transbordar de sua mera condição de coisas.

 

Adams Carvalho.


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