sexta-feira, 21 de outubro de 2011

Gabriel Centurion: grafite na caverna de bits

Com as técnicas do grafite e da street art, o artista traduz a desmaterialização de um mundo cada vez mais digitalizado num universo ambíguo de humor e estranheza.

Artur Fidalgo galeria – Gabriel Centurion: grafite na caverna de bits 

Semionauta navegando num mar de dados sem início nem fim, Gabriel Centurion coleta signos e processos de formação de imagens relacionados às técnicas do  grafite. O artista dá uma inflexão oriental à estética da street art, não só quando utiliza temas como Transformers, mas também na sua concepção do espaço. Seus trabalhos têm uma estética entre as gravuras japonesas e a colagem videográfica – um folheado visual de múltiplas camadas e diversos registros, criando uma espessura da imagem –, quando não são eles próprios vídeos. Curiosamente, a matriz de sua técnica serigráfica é, em geral, uma imagem virtual, accessada na internet, e grafitada na madeira ou na parede, com a ajuda de um projetor, numa espécie de inversão da câmera obscura renascentista ou de estêncil imaterial. Da rede para a parede ou o quadro, a imagem é decalcada com caneta de feltro e spay, numa paleta de tons cítricos e acrílicos misturados pelo próprio artista. A matriz utilizada, ironicamente, é já uma imagem reproduzida, de que ele se apropria. Mas para este grafiteiro da caverna kitsch de bits que é o mundo contemporâneo de imagens 3D e Realidade Virtual, o realismo fotográfico é desfeito numa aparência evanescente, fantasmática, sobre um fundo que escorre. Ele desfaz o simulacro hiper-realista – em que a imagem substitui a realidade dentro da própria realidade –, numa hiper-desrealização que a fragmenta e mutila. Sintoma do mundo da sobrecultura e cada vez mais digitalizado, que tudo pode conter, mas de onde também tudo pode desaparecer, seu trabalho concebe o espaço como veículo, volátil e líquido, do que só dura o tempo atual. Da inscrição veloz, que diminui o risco em locais proibidos, e sobre diferente superfícies, periga surgir, ao invés da imagem que o mundo contemporâneo faz de si mesmo, a que ele de fato projeta. Ursinhos Pooh, coelhinhos e personagens anímicos infantis irrompem, perversos, num ato falho dos olhos, encapuzados, em meio a amarrações sadomasô japonesas, numa revelação anamórfica do fetiche, energia renovável que corre por baixo da cultura mundializada do capitalismo global.

Fernando Gerheim

abertura 27 de outubro de 2011 quinta-feira 19h às 23h

exposição 27 de outubro a 26 de novembro de 2011

2ª a 6ª de 10h às 19h, Sab de 10h às 14h

rua Siqueira Campos n° 143  2° piso ljs 147 / 150

Copacabana  Rio de Janeiro  RJ  Brasil

entrada franca

faixa etária livre

tel. 55 21- 2549-6278

Artur Fidalgo galeria
R. Siqueira Campos 143

2° Piso ljs 147 / 150
Rio de Janeiro RJ Brasil
tel: 55 21 2549-6278
arturfidalgo.com.br

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