O texto é curto, poético e preciso.
Um abraço,
Pena Cabreira
A vida sem momentos de intoxicação não vale um tostão furado
Kurt Vonnegut
"Destinos Piores Que a Morte"
Bons exemplos de vícios inofensivos são algumas das coisas que as crianças fazem. Elas ficam chapadas por horas em algum aspecto estritamente limitado do Grande Todo, do Universo, como água ou neve ou lama ou cores ou pedras (jogando pequenas, olhando debaixo de grandes), ou ecos ou sons engraçados das cordas vocais ou de um tambor e assim por diante. Apenas duas pessoas estão envolvidas: a criança e o Universo. A criança faz alguma coisinha para o universo, e o Grande Todo faz algo engraçado ou bonito ou às vezes frustrante ou assustador e até mesmo doloroso
E os pintores profissionais, que representam um bocado do que esta história inventada significa, são pessoas que continuam a brincar brincadeiras de crianças com meleca, terra, giz, e minerais em pó misturados com óleo e cinzas etc., respingando, sujando, rabiscando, esfregando, etc., por toda a sua vida natural. Mas quando eram crianças, só existiam eles e o Universo, com apenas o Universo dando recompensas e castigos, como um colega de brincadeira dominante. Quando os pintores se tornam adultos, e particularmente se outras pessoas dependem deles para casa, comida, roupas, essas coisa toda, sem esquecer o aquecimento no inverno, provavelmente permitem que um terceiro jogador, com poderes frustrantes de se expor ao ridículo ou recompensar de forma grotesca ou geralmente se comportar como um lunático, entre no jogo. É aquela parte da sociedade que não pinta bem, normalmente, mas sabe do que gosta como uma vingança. Esse terceiro jogador é às vezes personificado por um ditador de verdade, como Hitler, Stalin ou Mussolini, ou simplesmente por um crítico, curador, colecionador, negociante ou credor, ou por parentes agregados.
Em qualquer desses casos, como o jogo só dá certo quando jogado por dois o pintor e o Grande Todo -, três é demais.
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